Mi Ojo Viejo

Mentiras lindas em palavras lindas, preparadas no calor da hora, temperadas com idéias rápidas para se saborear sem pressa...

7.5.10

CONSTRUTIVISMO E DESTRUTIVISMO



Reproduzo coluna do Claúdio de Moura Castro, da VEJA (até a VEJA tem coisas aproveitáveis às vezes!)de 21 de abril de 2010


Claudio de Moura Castro
"Construtivismo e destrutivismo
´O construtivismo é uma hipótese teórica atraente e que pode
ser útil na sala de aula. Mas, nos seus desdobramentos espúrios,
vira uma cruzada religiosa, claramente nefasta ao ensino.´

Minha missão é árdua: quero desvencilhar o construtivismo dos seus discípulos mais exaltados, culpados de transformar uma ideia interessante em seita fundamentalista. O construtivismo busca explicar como as pessoas aprendem. Prega que o processo educativo não é uma sequência de pílulas que os alunos engolem e decoram. É necessário que eles construam em suas mentes os arcabouços mentais que permitem entender o assunto em pauta. Essa visão leva à preocupação legítima de criar os contextos, metáforas, histórias e situações que facilitem aos alunos "construir" seu conhecimento. Infelizmente, o construtivismo borbulha com interpretações variadas, algumas espúrias e grosseiras. Vejo quatro tipos de equívoco.
Ilustração Atomica Studio


O primeiro engano é pensar que teria o monopólio da verdade - aliás, qual das versões do construtivismo? As hipóteses de Piaget e Vigotsky coexistem com o pensamento criativo de muitos outros educadores e psicólogos. Dividir o mundo entre os iluminados e os infiéis jamais é uma boa ideia.

O segundo erro é achar que todo o aprendizado requer os andaimes mentais descritos pelo construtivismo. Sem maiores elaborações intelectuais, aprendemos ortografia, tabuadas e o significado de palavras.

O terceiro é aceitar uma teoria científica como verdadeira por conta da palavra de algum guru. Em toda ciência respeitável, as teorias são apenas um ponto de partida, uma explicação possível para algum fenômeno do mundo real. Só passam a ser aceitas quando, ao cabo de observações rigorosas, encontram correspondência com os fatos. Einstein disse que a luz fazia curva. Bela e ambiciosa hipótese! Mas só virou teoria aceita quando um eclipse em Sobral, no Ceará, permitiu observar a curvatura de um facho luminoso. O construtivismo não escapa dessa sina. Ou passa no teste empírico ou vai para o cemitério da ciência - de resto, lotado de teorias lindas.

Não obstante, muitos construtivistas acham que a teoria se basta em si. De fato, não a defendem com números. Obviamente, nem tudo se mede com números. Mas, como na educação temos boas medidas do que os alunos aprenderam, não há desculpas para poupar essa teoria da tortura do teste empírico, imposto às demais. Por isso, temos o direito de duvidar do construtivismo, quando fica só na teoria. Mas o que é pior: outros testaram as ideias construtivistas, não encontrando uma correspondência robusta com os fatos. Por exemplo, orientações construtivistas de alfabetizar não obtiveram bons resultados em pesquisas metodologicamente à prova de bala.

O quarto erro, de graves consequências, é supor que, como cada um aprende do seu jeito, os materiais de ensino precisam se moldar infinitamente, segundo cada aluno e o seu mundinho. Portanto, o professor deve criar seus materiais, sendo rejeitados os livros e manuais padronizados e que explicam, passo a passo, o que aluno deve fazer.

Desde a Revolução Industrial, sabemos que cada tarefa deve ser distribuída a quem a pode fazer melhor. Assim é feito um automóvel e tudo o mais que sai das fábricas. Na educação, também é assim. Os materiais detalhados são amplamente superiores às improvisações de professores sem tempo e sem preparo.

De fato, centenas de pesquisas rigorosas mostram as vantagens dos materiais estruturados ou planificados no detalhe. Seus supostos males são pura invencionice de seitas locais. Quem nega essas conclusões precisa mostrar erros metodológicos nas pesquisas. Ou admitir que não acredita em ciência.

Aliás, nada há no construtivismo que se oponha a materiais detalhados. Entre os construtivistas americanos, muitos acreditam ser impossível aplicar o método sem manuais passo a passo.

Em suma, o construtivismo é uma hipótese teórica atraente e que pode ser útil na sala de aula. Mas, nos seus desdobramentos espúrios, vira uma cruzada religiosa, claramente nefasta ao ensino."

4.11.09


Reproduzo aqui texto do blog do MNarcelo Leite, da Folha de São Paulo, sobre acusação de plágio em artigo que tem a reitora da USP como um de seus (11) autores:

Não consegui encontrar no site da USP a nota da reitora Suely Vilela sobre o caso de plágio de artigo científico em que aparece como co-autora, segundo reportagem (aqui, só para assinantes) de Eduardo Geraque na Folha de hoje. O que li no "outro lado" publicado pelo jornal não chega a ser esclarecedor.

Parece provável que a reitora não tenha tido participação direta no suposto plágio. Mas isso quer dizer que não tenha responsabilidade? Não é de hoje que se discute na comunidade acadêmica como é frouxa a noção de autoria em artigos científicos, certamente uma deterioração ética induzida pela pressão por produtividade.

A reitora quer distanciar-se de Carolina D. Sant'Ana, a autora da tese de doutorado que virou artigo do periódico Biochemical Pharmacology agora posto em questão. Segundo a Folha, a nota de Vilela afirma: "Minha colaboração com o docente [Andreimar Martins Soares, orientador de Sant'Ana] é na área de isolamento e purificação de toxinas animais, matéria distinta em relação às passagens e imagens questionadas."

Fiquei curioso em saber se Vilela vai mencionar em alguma nota que foi orientadora do mestrado defendido por Sant'Ana em 2005, como se pode verificar em seu currículo Lattes. Ali também se podem contar mais de 30 trabalhos da pesquisadora em que Suely Vilela aparece como co-autora, a maioria de 2004 a 2008, quando já era pró-reitora e reitora.

Seria interessante se a reitora também esclarecesse qual foi exatamente sua participação no artigo em tela e nas outras dezenas (vários periódicos já exigem dos autores que detalhem quem fez o quê). Se não o fizer, deixará no ar a suspeita que tenha melhorado seus índices de produtividade por meio do que se chama eufemisticamente de "autoria honorária". Uma enganação, incompatível com a ética acadêmica, que proíbe levar crédito pelo trabalho alheio.

Escrito por Marcelo Leite às 13h31

http://cienciaemdia.folha.blog.uol.com.br/arch2009-11-01_2009-11-07.html#2009_11-04_13_31_15-129493890-25

12.10.09




“Excelentíssimo” é adjetivo valorativo e pronome de tratamento que deve ser utilizado para com os senhores e senhoras que por méritos, reais ou imaginários, ocupam o cargo de reitor de uma universidade.
A USP teve divulgada recentemente o nome de seus candidatos ao cargo de reitor e ao direito de receberem tal tratamento, em um total de 8 candidatos que ostentam o título de professor titular: Armando Corbani (pró-reitor de pós-graduação), Francisco Miraglia Instituto de matemática e Estatística), Glaucius Oliva (diretor do Instituto de Física, de São Carlos), João Grandino (diretor da Faculdade de Direito), Ruy Altafim (pró-reitor de cultura e extensão), Sonia Penin diretora da Faculdade de Educação), Sylvio Sawaya (diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) e Wandreley Messias (coordenador de comunicação social da USP), segundo a Folha de São Paulo de 11de outubro.
Todos com carreiras acadêmicas consolidadas, de diferentes áreas do conhecimento, com experiência administrativa e posições muito semelhantes em relação a autonomia e a avaliação externa da instituição em relação aos mecanismos de mensuração propostos pelo governo federal (ENEM e ENADE).
Se a autonomia da universidade é uma bandeira legítima, visando supostamente resguarda-la das intromissões nem sempre positivas de poderes externos, ela não pode ser utilizada para justificar a falta de transparência sobre a gestão e condução de um patrimônio público, categoria na qual se encaixa a Universidade de São Paulo.
Que o ENEM não substitua a prova da FUVEST, não só considerado um dos melhores exames vestibulares do país como também uma instituição que tem sido exemplo de profissionalismo, parece mais do que justo. Ainda mais que os perfis de seleção de ambos os exames não são os mesmos, com objetivos de mensuração bem distintos entre eles.
No entanto, se no caso do ENEM a USP oferece uma experiência anterior já consolidada e com sucesso em seus objetivos, em relação a avaliação externa a instituição não tem nada comparável ao ENADE para apresentar como sua legitimação, e os argumentos alinhados contra a participação da universidade nesse tipo de exame são grosseiros e tendenciosos, em um arco retórico que vai do corporativismo mais rasteiro ao comodismo puro e simples.
Os méritos inegáveis da USP, na sua produção científica e importância acadêmica, não justificam rechaçar sua participação ao exame público, mesmo que o ENADE tenha limitações ou signifique riscos a manutenção da imagem idealizada da instituição.
A USP merece, pelo seu nível de excelência acadêmica, a adoção de medidas que garantam uma excelência democrática, talvez por iniciativa também de seus excelentíssimos gestores.
Afinal, se recusando a uma avaliação externa que obrigaria a instituição a ser percebida em diferentes dimensões os candidatos querem manter verdadeiro um slogan da Folha de São Paulo, na década de 80: “È possível dizer muitas mentiras falando só a verdade.”

Veja o comercial:

http://www.youtube.com/watch?gl=BR&hl=pt&v=pY4FCKlQISA

14.2.09

NOVO ANO LETIVO...

Cada vez que um novo ano começa quem dá aula se pergunta se conseguirá chegar ao final do mesmo sem cometer o pecado do assassinato, a autoflagelação da loucura ou a covardia da indiferença...

Recebi certa vez pela internet um desses textos mela-cueca que tanto abomino, mas me fez lembrar algumas situações que se vivenciam em sala de aula. Fiz algumas alterações aqui e ali e deixo abaixo para quem interessar possa:




Aprendi...
Que não posso fazer com que alguém queria aprender, mas somente converter-me em alguém que pode ensinar;
Que por mais que me preocupe com os outros, muitos deles não se preocuparão comigo;
Que a confiança é construída ao longo de anos e que pode ser destruída em segundos;
Que não devo me comparar com o melhor que fazem os demais, mas com o melhor que eu posso fazer;
Que há coisas que posso fazer que deixam marcas (boas ou más) para toda a vida;
Que é preciso praticar para me transformar na pessoa que quero ser;
Que é muitíssimo mais fácil resistir do que pensar... e mais satisfatório pensar do que resistir;
Que sou responsável por aquilo que faço, qualquer que seja o sentimento que tenho;
Que mesmo nos momentos em que tenho razão em me irritar, não terei razão em ser cruel;
Que as minhas crenças e os meus valores são alguns entre muitos possíveis;
Que somente a cultura não transforma alguém em um ser humano decente.
Acho que aprendi bastante... e estou pronto a compartilhar!


A VOZ DO DONO E O DONO DA VOZ...

O Chico Buarque já cantou: "A voz foi infiel, trocando de traquéia / E o dono foi perdendo a voz / E o dono foi perdendo a linha - que tinha / E foi perdendo a luz e além..."

É comum professores dizerem que vivem de giz e saliva... as vezes é giz de calcário, de quadro que mesmo verde que é chamado de negro ou de lousa, as vezes é caneta para quadros brancos que parecem tampos de mesas de fórmicas coladas na parede... mas saliva é sempre a mesma - o que muda, no máximo, é a lábia!

E algo comum, é professor que perde a voz... que de tanto maltratar sua ferramenta é abandonada por ela ou começa a sofrer por causa dela...

Alguns cuidados que quem vive da voz e na sala de aula deve ter:

* BEBA SEMPRE ÁGUA, E LEVE UMA GARRAFINHA PARA DAS ALGUNS GOLES DURANTE AS AULAS - um pequeno cantil ou uma garrafinha plástica, com a água em temperatura ambiente, é algo importante de se usar durante as aulas;

* NÃO USE A SUA VOZ COMO UM INSTRUMENTO DE COMPETIÇÃO SONORA - evite falar mais alto do que algum barulho na classe ou no exterior, porque cada vez que faz isso força a sua voz, e a utilização de microfone (nem que seja em um aparelho de som portátil, tipo micro system) é sempre uma ferramenta útil em caso de necessidade;

* EVITAR BEBIDAS ALCOOLICAS OU SPRAYS PARA A GARGANTA - essas substâncias tem efeito anestésico, com diminuição da sensibilidade, e facilitando que haja abuso da voz;

* EVITAR GRITAR E TOSSIR - essas práticas provocam atrito nas cordas vocais o que ocm o tempo pode resultar em lesão;

* NÃO FUMAR - além da questão óbvia do exemplo como educador é inegável que a fumaça irrita a mucosa da laringe, acumulando secreções nas cordas vocais, e causando ressecamento;

* EVITAR O AR CONDICIONADO - provoca o ressecamento das mucosas, alterando a vibração das cordas vocais, e caso não seja possível ficar sem o ar condicionado, beba água durante todo o tempo que estiver exposto a ele;

* EVITAR O CONSUMO DE LEITE, CHOCOLATE E DERIVADOS ANTES DE ATIVIDADE VOCAL MAIS INTEWNSA - tais alimentos aumentam a secreção de muco na boca e laringe; e

* PROCURE CONSUMIR ALIMENTOS FIBROSOS - como maçã, que age limpando a boca e a faringe.

Logicamente se problemas de voz, como rouquidão ou dor aparecem com frequência algo está errado e deve se procurar um médico ou fonoaudiólogo.

22.1.09



A IGNORÃNCIA INSTÂNTANEA

As qualidades da internet que mais me agradam são a pluralidade de assuntos e a rapidez de acesso a informação - embora os estudiosos garantam que o maior fluxo de informação é dirigido aos sites de pornografia e que a ampliação de bandas e processadores criam um sentimento crescente de defasagem e lentidão...

Mas em meio a tantas possibilidades existem alguns pesadelos inevitáveis: a privacidade se reduz (na forma mais simples, qualquer um pode ser "googlado" e ter parte de sua vida exposta em qualquer lugar), o número de spams é sempre crescente (oferecendo viagra, relógios, alargadores de pênis, etc...), os hoax (aqueles boatos de que um livro norte-americano de geografia já incorporou a Amazônia aos EUA, que a MOTOROLA dará um celular de graça para as cem primeiras pessoas que enviarem uma mensagem para tal e-mail, que o filho do presidente foi fotografado fazendo isso ou aquilo, e tantos outros)e outras ameaças diversas...

No entanto o que mais me incomoda não são as ofertas de alargador peniano, a ideia de que alguém possa saber coisas de minha vida particular ou histórias fantásticas e mesmo ingênuas que circulam no limite entre o possível e o (in)desejável... o que me mais me incomoda são duas coisas: textos "mela-cueca" e o analfomegabetismo literário.

Textos "mela-cueca" são geralment enviados em arquivos de powerpoint com mensagens edificantes e fotos singelas, eventualmente com conteúdos de pseudo-sensualidade ou ambiçoes de auto-ajuda... embora o formato de pombinhas voando e flores se movendo tambem seja recorrente... a quantidade de mensagens desse tipo disponíveis (e o número de pessoas que a apreciam) é um forte indicador da forma como sobrevivem carências coletivas (porque existem duas nobres verdades sobre esse tipo de mensagem: "se você gosta de texto de auto-ajuda, você realmente está precisando de ajuda, mas profissional!" e "você é especial... todo mundo é especial... você é como todo mundo!")

Os "mela-cueca" são sintoma de gosto duvidoso e talvez de problemas psiquicos mais ou menos graves... mas o analfaomegabetismo - desconhecimento do começo ao fim - literário é sintoma de ignorância, com pitadas de preguiça e ares de pretensão.

Pessoas interessantes e interessadas, com bom nível de escolaridade, p. ex., diversas vezes colocam em mensagens, perfis e outros lugares do mundinho virtual trechos e textos com a autoria totalmente equivocada, penalizando o talento dos prestigiados autores atribuídos pelas limitações dos desconhecidos autores reais, ou pelo menos cometendo a indelicadeza de roubar méritos de quem os possui. Assim, textos "sensíveis", mas de uma pobreza franciscana em termos de criação, estilo, vocabulário, etc. são atribuídos à Fernando Pessoa, Vinicius de Moraes, Clarice Lispector, Shakespeare, entre outros seres mitológicos do panteão literário que caem no gosto mais popular. (Os de humor, mesmo chulo e rasteiro, muitas vezes são atribuídos ao Luis Fernando Veríssimo!)

Esses equivocos refletem ignorância porque quem os cita na verdade não conhece o suficiente da obra do autor atribuído para perceber o seu próprio equivoco, preguiça porque uma pesquisa um pouco mais detida mostraria o erro de autoria atribuida, pretensão porque o objetivo de invocar esses mitos literários é querer certo pedigree de sensibilidade e cultura.

Embora digam que pretensão e água benta não fazem mal a ninguem, ignorância e preguiça causam um mal enorme, mesmo porque se autoreproduzem com grande facilidade.

17.1.09



PÓS-GRADUAÇÃO MENDINCANTE.


A NOTÍCIA.

O senador João Tenório (PSDB-AL) criou projeto de lei que propõe a criação de um crédito educativo para bolsas de pós-graduação (mestrado e doutorado). A medida substituiria em parte o atual sistema de bolsas de estudos concedidas a alunos de mestrado e doutorado.
O Senadorlembra que são aplicados recursos públicos para a manutenção de vagas gratuitas e para a concessão de bolsas a fundo perdido para estudantes que muitas vezes delas não precisam, e diz que, em muitos casos, esses estudantes deixam o país após a conclusão do curso ou põem seu trabalho a serviço da iniciativa privada, sem retorno direto para a sociedade.
O parlamentar considera imprescindível, porém, que haja políticas de investimento na formação científica e no aperfeiçoamento do pessoal de nível superior, em prol do "desenvolvimento tecnológico", do "crescimento da produtividade", e da "soberania nacional".
Segundo o texto proposto por João Tenório, o financiamento poderá ser usado por alunos classificados em cursos de mestrado ou doutorado credenciados pela Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior (Capes), em instituições públicas ou privadas.
O crédito será concedido por até três anos para mestrado e quatro anos para doutorado e o valor deve corresponder a, no máximo, dois terços da anuidade média cobrada por instituições privadas do Brasil.

EXPLICANDO A NOTÍCIA.

O que parece:

Senador preocupado com os grandes dilemas da educação brasileira, dessa vez no ensino de pós-graduação, proõe que o governo financie mestrado e doutorado nos mesmos moldes do crédito educativo, em nome dos mais altos valores cívicos e democráticos.

O que é:

A tentativa de se criar mais uma fonte de recursos para empresas privadas de ensino superior após as medidas governamentais que permitiram o crescimento quantitativo de cursos nessas instituições de forma totalmente irresponsável no governo FHC (o que, por outro lado, criou uma competição violenta entre as empresas do ramo e uma crescente diminuição de receitas, em um processo de destruição mútua), e levaram ao surgimento de programas de financimaneto pelo governo LULA de alunos nessas instituições (ampliando o número de vagas no ensino superior através da generosa injeção de recursos públicos em empresas privadas de educação).
A pós-graduação só tem sentido, para o bem do país, quando garantidas as condições de excelência no ensino e na pesquisa, o que tem sido praticamente monopólio de instituições públicas... e mesmo as privadas que obtiveram grau de excelência contam com o apoio de bolsas de pesquisa de agências de fomento.

Portanto, não é necessário uma nova "esmola" para garantir a manutenção da excelência da pós-graduação, sendo suficiente a ampliação do número de bolsas (disputadas por individuos selecionados a partir de critérios acadêmicos e não sociais) e o fortalecimento dos cursos de graduação para que ofereçam concluintes habilitados para o desafio da pós-graduação.

Parece que governos e governantes acreditam que é melhor que seus cidadãos deles dependam e que esses precisam muito mais de doações doque de incentivos, mais de ajuda do que de oportunidades e mais de facilidades do que de dignidade, e assim busca-se "dar esmolas" como uma solução mágica em tempos de populismos e demaggogias diversas.
Mas como disse o Rei do Baião: "Uma esmola, para um homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão..."

11.1.09



O RANCA-DEDO!!!


Essa semana os jornais noticiavam o caso de um professor carioca que em atrito com uma aluna de 10 anos, da rede pública, que resolveu sair da sala sem sua autorização fechou a porta e decepou metade de uma das falanges de um dedo da menina. O ano de2009 nem iniciou o período letivo e já começa com o surgimento do professor “ranca-dedo”...

No último ano, só puxando pela memória, sem dar um Google ou consultar qualquer publicação, me recordo de alguns casos em que professores foram agentes de violência contra alunos.

No interior de São Paulo, professora já tarimbada, naquela idade em que a desilusão, a revolta e a tristeza se misturam com a didática, o conteúdo e a lista de chamadas, desrespeitada seguidas vezes em sala de aula por uma aluna, quando sai da escola e jvê aluna em uma calçada, joga carro sobre a adolescente, em uma versão didático-neurótica do GTA (jogo de vídeo game em que o jogador pilota um carro e ganha pontos por atropelamentos e mortes provocadas por ele!).

Em São José dos Campos, cidade onde está localizado o ITA, professor troca insultos com aluno de 11 anos e o agride com um soco no nariz.

Bem, e a revanche? Pelas leis da física uma ação produz uma reação...

Segundo dados oficiais, um professor é agredido por dia em alguma escola pública no país.

APEOESP aponta que 25% das agressões (como ameaças, tapas e xingamentos) contra professores são cometidos pelos pais dos alunos.

No Distrito Federal professor é agredido por ex-aluno, que um ano antes, com 20 anos de idade, havia sido expulso da escola (onde cursava o ensino fundamental!).

Alunos colam professora com Superbonder na carteira.

Familiares de aluno invadem escola e agridem professor e funcionários.

Professor é morto por traficantes na saída da escola.

Alunos começam briga entre grupos rivais e destroem escola.

FUVEST tem enorme queda na procura por cursos que formam professores...

MEC quer formar milhares de professores e estimula cursos à distância.

Escolha qual a lição moral dessas histórias:

a) cuidado, escola!

b) quem sabe, apanha, quem não sabe, bate (ou quem sabe, bate, quem não sabe, apanha).

c) água mole, em pedra dura, tanto bate, que a pedra confessa.

d) escola igual à casa, aula de pau.

e) mais vale sair na mão do que dar educação.